19 dezembro 2011

A história de uma loucura

Aviso à navegação: este deve ser dos posts mais longos que aqui deixei. Não tomem isto como exemplo que eu sou fã dos posts pequenos, mas queria partilhar uma pequena história com quem cá passa. Obrigado. Volte sempre. 

A história que vou contar retrata uma manhã de geocaching que certamente vai ficar para a história pela dose de adrenalina, nervosismo, medo e coisas que tais. Mas, antes disso, é preciso um flashback para se perceber como tudo começou:

Numa tarde pela costa do concelho de Gaia com a “patroa”, a passear e a fazer caches (com direito a uma pausa para comer um gelado à beira-mar), eis que surge no GPS a última cache do dia antes de regressar ao lar. “The Last Tower” era o seu nome. 

a torre
Pus-me a caminho, no meu boguinhas, e chegado ao local, para minha admiração, o GPS indica-me para dentro de um terreno. O portão estava aberto e eu não faço cerimónias…entro por lá dentro. Em redor, vários edifícios entregues ao abandono com muita arte urbana espalhada pelas suas paredes para dar alguma cor a este ambiente cinzento. Como fiquei a saber depois, era a fábrica de seca do bacacalhau de Lavadores (em Canidelo).

O local da cache: a torre da fábrica. Como não tinha lido nada sobre a cache, andamos à procura em redor da torre…até que surge um carro na nossa direcção. Era uma família de geocachers que acabaram por nos contar que para fazer esta era necessário subir até o cimo da torre. 

parte da fábrica

Era um desafio demasiado sério para ficar esquecido e foi-me inquietando a maneira de conseguir atingi-lo. Falei ao meu companheiro de caches, o t_dias, que se mostrou logo interessado em realizar esta loucura comigo. A questão era só uma: a maneira de transportar as escadas até o destino. Questão essa que se resolveu passados uns tempos…até que chega ao dia da aventura que aqui descrevo.
 
Dia 17 de Dezembro foi a data escolhida para a realização desta loucura. O tempo era convidativo para este tipo de aventuras e o material estava pronto. Os loucos: eu e a minha “patroa”, o t_dias e a sua “patroa”. 

a subida até ao 1º patamar
O local, com marcas de bruxaria, deixava o cenário mais macabro ainda. Eliminado esse pormenor, lá começamos a montar o estaminé, a escada diga-se. E, depois da subida até o primeiro patamar, pensamos: “isto vai ser mais complicado do que pensávamos.Para chegar ao topo da torre, não era só necessário subir as outras escadas que levamos, como também teríamos que subir umas escadas extremamente ferrugentas (cerca de 20 metros a pique) num ambiente escuro e medonho até alcançar o cimo da “torre de Babel”.

O medo era o sentimento que mais pairava no ar, mas já que se tinha chegado até ali, ia-se até ao fim. O t_dias, um gajo habituado a estas andanças de subir escadas, foi o primeiro a aventurar-se. Ao chegar lá a cima tranquilizou os demais: “a escada está solta cá em cima, não está segura à parede. Tens a certeza que queres subir?Senti-me extremamente e confiante e seguro naquele momento, mas não podia deixar de subir. Devagarinho, com a escada a tremer por tudo quanto era lado e o som dos canos a bater na parede a entoar nos meus ouvidos, lá cheguei ao topo com a adrenalina ao máximo e a sensação de estar vivo bem viva em todo o meu corpo (e na alma)

o acesso até à escada ferrugenta
A vista lá de cima é deslumbrante, não sendo por isso de estranhar, a ideia de quererem construir aqui edifícios de luxo e um hotel. Mas quando se está com o pensamento na subida que se acabou de fazer e na descida que ainda tem que ser feita, nem a vista tranquiliza uma pessoa.

Loggada (log é a "assinatura" que se deixa na cache, mais propriamente no local que lá se encontra para o efeito, chamado logbook) a cache, é tempo de mais uma dose de nervosismo em larga escala: a descida. Por incrível que pareça foi rápida e custou menos do que esperava (mas o pensamento que pairava na cabeça era algo como: “eu quero chegar inteiro ao Natal).  De seguida, foi a vez da “patroa” do t_dias subir e de eu pensar: “Porra! Não tirei uma foto lá em cima!” (mas tirei com a minha “patroa” neste patamar).

uma panorâmica da vista

Lá desceram depois os dois com a sensação de que todos sobrevivemos inteiros a esta aventura cheia de falhas na segurança. Foi tempo, de descer até ao “rés-do-chão” (algo que até parecia fácil demais comparado com o que se tinha passado) e arrumar a tralha. Mas, antes de arrancar, ainda deu para visitar a fábrica abandonada, um verdadeiro museu de arte urbana.


a marca pessoal
Moral da história: Normalmente encaixo na minha personalidade o adjectivo aventureiro. Só que, por vezes, começo a questionar-me se realmente o sou ou sou mais um levado pela corrente da rotina e da monotonia dos dias. Nesses momentos de dúvida, preciso deste tipo de aventuras (para não dizer loucuras) para sentir que estou vivo, para sentir que a vida é marcada por estes momentos em que nos pomos à prova e em que podemos sentir que superamos mais um desafio.



o Aleixo um dia depois da implosão da torre 5

no topo da torre

um exemplo de arte urbana...

...e outro

2 poesias :

mfc disse...

Uma aventura de se lhe tirar o chapéu!!
Acho que não subiria!!
Parabéns pelas fotos magníficas e pela coragem da aventura.

K!nder disse...

Adorei o relato da aventura.

Espero que tenham gostado bastante da aventura e que tenha contribuido de forma positiva :D

Abraço

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 
;