Vasculhando aqui nos meus documentos, acabo por encontrar velhas relíquias que já nem me lembrava que existiam. Em 2008, estive para colaborar no jornal de Cucujães e, para tal, escrevi dois pequenos textos de opinião. Aqui fica um deles:
Um sentimento que invade este país é a falta de patriotismo. Isto não é de agora, por isso não podemos associar a crise económica do momento à nascença deste sentimento. Aliás, desde que eu me conheço como gente, que o português tem essa característica como marca do seu estereótipo.
Um português enverga sem problemas a bandeira dos EUA e mostra relutância ao colocar uma bandeira de Portugal ao peito ou à janela. Até o próprio hino já não inunda a caixa toráxica dos portugueses de orgulho.
Esta falta de patriotismo dá origem a uma baixa auto-estima que nada traz de bom para o desenvolvimento do país, contribuindo, cada vez, para o enfraquecimento do mesmo. Os dias são cada vez menos risonhos no país à beira-mar plantado.
Vocês perguntam o porquê de eu expor este tema neste jornal sobre Cucujães. Eu faço o favor de responder a essa mesma pergunta: o facto é que se verifica o que referi a nível regional, isto é, vulgarmente vemos cucujanenses que parecem não ter orgulho não chão que pisam.
Tenho pena que muitos cucujanenses se denominem de sanjoanenses (será que Cucujães agora faz parte de território sanjoanense e eu não sabia?) ou então de oliverenses (mesmo pertencendo ao concelho de Oliveira de Azeméis, penso que Cucujães, como freguesia com cerca de 11 mil habitantes, tem uma palavra a dizer, não?). Não censuro quem o faz para efeitos meramente geográficos, isto é, para indicar a localização desta linda vila, mas, excluíndo essa situação, não vejo razões para o fazerem. Terá uma conotação negativa ou estará fora de moda viver numa vila humilde?
Durante três anos estudei e morei em Aveiro e, todos que comigo partilhavam momentos, tinham a noção de que eu era um cucujanense orgulhoso nisso mesmo, nunca me intitulei de sanjoanense, feirense ou oliveirense (local do meu nascimento). Para além de tudo isto, tinha a noção que Aveiro, como cidade, me oferecia muito mais do que Cucujães me podia oferecer, mais havia sempre algo que faltava ali - o orgulho nas raízes, a saudade do lar e simplicidade da “santa terrinha”.